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Uma tarde a recordar “Camponeses da Madeira – As Bases Materiais do Quotidiano no Arquipélago (1750-1900)”, de Jorge Freitas Branco

apresentacao livro camponeses madeira 1 No passado dia 29 de Novembro realizou-se no Auditório da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, no Edifício Golden Gate, a iniciativa “Conversas à tarde…” relativa à apresentação da reedição de “Camponeses da Madeira – As Bases Materiais do Quotidiano no Arquipélago (1750-1900)” de Jorge Freitas Branco. Numa organização da Direcção de Serviços da Ruralidade da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a mesma foi presidida pelo Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Dr. Humberto Vasconcelos que enalteceu a oportunidade de mais uma vez se tratar da agricultura e desenvolvimento rural da Região. A Responsável pela Divisão de Dinamização e Valorização Rural, Dr.ª Regina Ribeiro, apresentou os intervenientes, o signatário deste artigo como moderador/comentador e o autor da obra, Professor Jorge Freitas Branco, em breves notas biográficas.

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De seguida, procedeu-se a uma descrição sumária de “Camponeses da Madeira…” que está dividido em 4 partes: “O Eixo da Organização do Quotidiano”, “Instrumentos e Processos de Trabalho”, “Aspectos das Relações Sociais na Produção Agrícola”; “Factores de Transformação duma Ruralidade”. Além da Madeira, em especial, as freguesias da Fajã da Ovelha e Ponta do Pargo do concelho da Calheta, a Ilha do Porto Santo é motivo de inúmeras informações sobre as culturas agrícolas com destaque para os cereais, a criação de gado, a escassez crónica de água, o avanço da areia sobre os terrenos cobrindo os cultivos e a obrigação régia na segunda metade do século XVIII de instalar-se vinhas para conter as areias trazidas pelos ventos, entre outras.

Nesta segunda edição levada a cabo pelo Serviço de Publicações da Direcção Regional da Cultura através da Secretaria Regional do Turismo e Cultura consta pela primeira vez, uma adenda denominada “Apêndice: A Madeira como Experiência Antropológica”. O Professor Jorge Freitas Branco dá conta da sua experiência de campo, mais concretamente entre Março de 1979 e Julho de 1980, onde registou apontamentos diários, normalmente no final do dia, considerados importantes para a sua reflexão pessoal e numa forma de compreender a realidade. Como já foi anteriormente mencionado, escolhe sobretudo a zona oeste da Madeira, também conhecida localmente como “Costa de Baixo”, mais propriamente o concelho da Calheta, por estar supostamente distante da área de influência directa da cidade do Funchal e por ter um conjunto de produções agrícolas representativas da Ilha, como por exemplo a banana e a cana-de-açúcar, anotando aspectos dos amanhos agrícolas e outros como a construção de habitação própria ao fim-de-semana comum naquela época.

 

apresentacao livro camponeses madeira 2 Em jeito de diálogo com o autor, foram lançados alguns tópicos pelo comentador/moderador como a questão em que se procura saber «Quem é este camponês, quem é este vilão» e que já tinha sido colocada pela Dr.ª Cláudia Faria da DRC na tertúlia sobre o lançamento do livro, que teve lugar no passado mês de Setembro, no Museu Quinta das Cruzes. O Professor Jorge Freitas Branco teceu algumas considerações sobre aquilo que vivenciou no seu trabalho de campo realizado há cerca de 40 anos: o papel central das mulheres na actividade agrícola por via da emigração dos maridos e dos jovens e o ingresso de algum dinheiro por estes enviado para as famílias, no sentido de melhorarem a sua qualidade de vida. Foi também perguntado ao autor como é que tinha tirado a fotografia que ilustra esta 2.ª edição e a 1.ª edição de 1987 pela Publicações Dom Quixote, “Colecção Portugal de Perto”. O Professor Jorge Freitas Branco que apesar de ter conversado antes com o casal que surge no instantâneo, aquele momento foi tirado ao acaso, quando surge no nevoeiro aquela imagem que considera a fotografia da sua vida, pelo simbolismo que a mesma representa. À interrogação se faria sentido uma actualização da obra lançada há quase quatro décadas, que abrangesse os “camponeses” da década de 90 do século passado e do início do século XXI, o autor disse que pelo que conhece dos seus actuais alunos universitários, não vê infelizmente ninguém interessado nesta matéria, mas reconheceu a pertinência dessa possível obra mais recente.

Depois, foi dada a palavra à audiência que preencheu o auditório, tendo os intervenientes comentado e colocado algumas perguntas ao Professor Jorge Freitas Branco, num debate muito interessante e participativo.

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No encerramento, o Director Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Eng.º Paulo Santos, acompanhado pela Directora de Serviços da Ruralidade, Dr.ª Carla Fernandes, agradeceram e presentearam o autor de “Camponeses da Madeira – As Bases Materiais do Quotidiano no Arquipélago (1750-1900)” com algumas lembranças, o que o muito sensibilizou.

(O autor deste texto prefere usar a ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990)


Joaquim Leça
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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