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Mel de cana-de-açúcar da Madeira com apoio do POSEI

mel de cana DICA 1 A história do desenvolvimento económico da Ilha da Madeira está fortemente ligada à da expansão mundial da produção da cana sacarina. Data de 1425 a introdução desta cultura, sendo que foi nesta Ilha que esta planta se adaptou aos novos ecossistemas e deu mostra da elevada qualidade, tornando-se uma cultura de elevada rendibilidade, principalmente pelo sucesso das melhorias tecnológicas que cá começaram a ser utilizadas para a sua transformação.

Os tempos áureos da produção e do comércio do açúcar na ilha da Madeira tiveram lugar entre os séculos XV e XVI. Desde então, e até aos nossos dias, alternaram-se épocas de decadência da produção da cana sacarina com outras de franca expansão da cultura e de florescente desenvolvimento da indústria de transformação dedicada principalmente à produção do açúcar, mas também da aguardente, álcool e Mel de Cana.

A produção de Mel de Cana é, portanto, muito antiga, sendo que em meados do século XVI chegou a concorrer com o açúcar na economia açucareira. Este produto era muito consumido na ilha, quer como delicioso fortificante alimentar (principalmente no abastecimento das embarcações que passavam pela Ilha rumo a distantes paragens, tendo a propósito Cristóvão Colombo, em 1494, referenciado aos reis de Espanha que o Mel de Cana devia constar dos mantimentos de qualquer embarcação, dado considerar ser “o melhor alimento do mundo e o mais são”), quer como auxiliar de confeitaria na produção de conservas e doces variados, constituindo elemento determinante em muitas das afamadas receitas dos Conventos de Santa Clara, da Encarnação e das Mercês, que ao longo dos tempos, foram passadas às casas fidalgas da Ilha e destas às restantes populações locais.

 

Extintos os Conventos e com o declínio da indústria de transformação da cana sacarina quase que também desapareceu a tradição da doçaria madeirense, mantendo-se quase que como último testemunho daqueles tempos áureos o Bolo de Mel de Cana (também denominado apenas por “bolo de mel”), indispensável em todas as casas madeirenses na época do Natal.

O Mel de Cana é, assim, a matéria-prima essencial das joias da doçaria madeirense, o Bolo de Mel de Cana e as Broas de Mel de Cana.

Reconhecendo a grande importância do Mel de Cana para a economia regional e contribuir para combater a concorrência de produtos importados que lhe são equiparados a preços extremamente baixos e de qualidade muito inferior (melaços de cana – enquanto o Mel de Cana é obtido exclusivamente através da concentração do suco de cana-de-açúcar, guarapa ou garapa, o melaço é um subproduto da indústria de produção de açúcar ), o Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, propôs à Comissão Europeia introduzir uma ajuda financeira para esta produção ao nível do POSEI - Medidas de Apoio às Produções Locais.

Formalizada a proposta, de acordo com as regras estabelecidas, é com muita satisfação que o Governo Regional recebeu, em 5 de dezembro passado, a comunicação da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural da CE quanto à aceitação de uma ajuda específica para o Mel de Cana.

A ajuda, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2020 e será paga às unidades de transformação, abrangerá até 190 toneladas de Mel de Cana e terá o valor de 120€ por 100 quilogramas de açúcar expresso em açúcar branco, ou seja, de 489,47€ por tonelada de Mel de Cana produzido.

Este apoio financeiro, que certamente reforçará a capacidade competitiva do Mel de Cana da Madeira, corresponderá a 93.000 euros/ano, com uma contribuição de 70.000 euros do programa POSEI e de 23.000 euros por via de fundos regionais, como auxílio estatal.