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Meteorologia agrícola
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apuramentos DICAs429 (LEGENDA)

Os impactos das alterações climáticas na agricultura meteorologia DICAs 445 Integral térmico e desenvolvimento

O efeito da temperatura no desenvolvimento fenológico das culturas pode ser pensado numa lógica de integral térmico, i.e., número de graus/dia que determinada cultura necessita “acumular” para completar o seu ciclo. Desta forma, em todos os dias do seu ciclo, a cultura vai “acumular” a diferença entre a temperatura média e uma determinada temperatura base de crescimento (p. ex. 10ºC). Quando atingir o seu integral térmico (p. ex. 1000 ºC/dia), a cultura completa o seu ciclo. Em dias em que a temperatura média do ar não é superior à temperatura base, não há acumulação de graus/dia. Porém, em dias em que tal sucede, a acumulação é proporcional à temperatura média.

Deste modo, quanto mais elevada a temperatura média durante o ciclo, mais curto será o ciclo. Como é evidente, há limites biológicos para a aplicação deste princípio, tal como a existência de temperaturas acima das quais também não há lugar a acumulação de graus/dia, designadas por temperaturas máximas. Como exemplo, para uma cultura com temperatura base de 10ºC e um integral térmico de 1 000 ºC/dia, o ciclo duraria 100 dias se a temperatura fosse igual a 20ºC todos os dias. Porém, se a temperatura do ar aumentasse para 30ºC, a mesma cultura já só demoraria 50 dias a completar o ciclo. Da mesma forma, se a temperatura do ar diminuísse para 15ºC, o ciclo completar-se-ia em 200 dias. Na realidade, cada fase fenológica tem o seu integral térmico específico e, em algumas culturas, a sua temperatura base específica. Deste modo, o integral térmico da cultura resulta da soma dos integrais térmicos de todas as fases. Em outras culturas, além da temperatura, também o fotoperíodo é considerado no cálculo do integral térmico em determinadas fases fenológicas.

O integral térmico também varia de cultivar para cultivar da mesma cultura, razão pela qual se encontram disponíveis cultivares com duração de ciclo diferente. Em culturas indeterminadas, como a beterraba sacarina, o ciclo vegetativo continua com a produção de folhas, desde que se mantenham temperaturas adequadas.
Num cenário de aquecimento global é de prever que as culturas completem o seu ciclo mais rapidamente, podendo comprometer a produtividade, em particular pela redução da fase de crescimento do grão. Em culturas permanentes, haverá uma antecipação do início do ciclo vegetativo. Nas culturas anuais, será possível semear mais cedo e, em aalguns casos, a possibilidade de efetuar duas sementeiras em cada ano. As zonas de aptidão cultural tenderão a sofrer uma expansão para Norte, sendo possível a introdução de novas culturas com maiores necessidades térmicas (e/ou menores necessidades hídricas) e a inviabilização de outras.

Horas de frio, abrolhamento e floração
meteorologia DICAs 447 2 Algumas culturas, como, por exemplo, as macieiras, os pessegueiros ou as ameixeiras, necessitam de frio durante o inverno para quebrar a dormência. Tal como no caso do integral térmico, também neste processo se pode aplicar a lógica da acumulação de horas de frio (e.g. temperaturas inferiores a 7,2 ºC) sendo necessário atingir um determinado valor para que as exigências estejam completamente satisfeitas. 

 

previsoes DICAs429 (NOTA)

A não satisfação destas exigências tem grandes consequências no abrolhamento dos gomos e na produtividade. Num cenário de aquecimento global é de prever uma maior dificuldade em satisfazer as necessidades de frio destas culturas com possíveis impactos económicos.

Temperatura e infertilidade
meteorologia DICAs 447 3 Em algumas culturas, a ocorrência de pequenos períodos (alguns dias) invulgarmente quentes ou frios pode ser suficiente para comprometer a produtividade de toda uma campanha. Este é o caso da maioria dos cereais durante a floração, para a qual existe um intervalo de temperaturas ótimo. Quando durante esse período a temperatura está sistematicamente abaixo ou acima desse intervalo, dão-se fenómenos de infertilidade mais ou menos proporcionais.

Num cenário de aquecimento global é de supor uma menor suscetibilidade à ocorrência de infertilidade por baixas temperaturas, podendo, contudo, esta resultar das altas temperaturas.

De acordo com os apuramentos meteorológicos emitidos pelo IPMA para o período compreendido entre 01 e 07 de setembro (ver quadro), as condições do estado do tempo sofreram poucas alterações relativamente à semana anterior, com os valores da temperatura a se manterem estáveis, embora com a ocorrência de pequenos aguaceiros em toda a Região.

A disponibilidade de água no solo depende do balanço entre chuva e evapotranspiração. Verifica-se que os valores da precipitação estão bem abaixo dos da evapotranspiração (ver quadro), pelo que é necessário proceder às regas, sempre de acordo com as necessidades hídricas das culturas.

Até 17 de setembro (ver quadro), o IPMA prevê a a deterioção ligeira das condições do estado do tempo, com mais nebulosidade e a ocorrência de alguns aguaceiros em toda a Região de forma mais constante, com principal incidência na costa norte.

Na execução das operações culturais, na sua exploração agrícola, nomeadamente as regas e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deve evitar sempre as horas mais quentes do dia.

Aconselha-se manter a monitorização às culturas, por forma a detetar os sinais e/ou sintomas de pragas ou doenças e poder, assim, agir de forma atempada no respetivo combate, minimizando eventuais prejuízos. Os tratamentos fitofarmacêuticos devem ser realizados em conformidade, com a leitura prévia e atenta dos rótulos), não esquecendo também que é obrigatório o registo no caderno de campo de todos os tratamentos fitofarmacêuticos efetuados.


Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica Agronómica 
Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
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Telef.: 291 211 260

 

Para informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA
Divisão de Assistência Técnica Agronómica /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260