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apuramentos DICAs429 (LEGENDA)

As alterações climáticas no futuro

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O estudo das alterações climáticas futuras e os seus impactos não se apresenta como trivial, já que o objeto de estudo, o clima do futuro, além de incerto, por definição, ainda não ocorreu. Desta forma, as metodologias clássicas de estudo técnico-científico baseadas na experimentação física de determinadas hipóteses ficam em grande medida postas de lado. Há, no entanto, metodologias alternativas que permitem o estudo das alterações climáticas.

Nos estudos por análise de sensibilidade, o comportamento do sistema é investigado, assumindo ajustes arbitrários das principais variáveis força. Desta forma, causando um conjunto de perturbações, podemos construir curvas de impacto. Nos estudos por analogia, eventos extremos históricos são analisados em relação ao seu impacto, permitindo assim planear medidas de resposta num futuro de alteração climática. Ainda no âmbito da analogia, é possível estudar climas análogos espaciais, i.e., climas da atualidade semelhantes ao esperado em determinada região no futuro. Desta forma, é possível analisar os impactos e medidas de adaptação.
Mas a principal metodologia alternativa para o estudo das alterações climáticas é através da modelação do sistema climático.
De forma a tentar entender o funcionamento do sistema climático, os cientistas têm construído modelos do funcionamento da atmosfera. Os modelos climáticos são representações matemáticas do sistema climático expressas em código computacional e corridos em potentes computadores. Esses modelos, designados por Modelos Gerais de Circulação da Atmosfera - GCM, além de permitirem compreender os atuais padrões climáticos existentes na Terra, permitem também simular o clima no futuro. Estas simulações são de extrema importância estratégica, já que permitem prever as principais alterações climáticas e, desta forma, estudar os seus possíveis impactos.

meteorologia DICAs 444 2 Os modelos climáticos atuais permitem alguma confiança na estimativa quantificada das alterações climáticas futuras, em particular à escala continental e global, já que a sua resolução espacial é de 300 km. Esta confiança resulta, por um lado, do facto dos modelos climáticos se basearem em princípios físicos bem aceites (conservação da massa, da energia e o momento) e, por outro, da sua capacidade em reproduzir as condições climáticas atuais e do passado. Apesar da considerável confiança depositada na capacidade dos modelos climáticos, estes ainda apresentam erros significativos, particularmente quando se reduz a escala de análise.

De facto, ainda é difícil simular fenómenos como a precipitação tropical ou o El Nino, quer por desconhecimento do funcionamento dos fenómenos, quer pela inexistência de capacidade computacional para os simular. Contudo, apesar destas dificuldades, os modelos climáticos são unânimes na sua previsão de um aquecimento substancial do clima na presença de gases de efeito de estufa.

Uma vez que a confiança nas alterações projetadas pelos modelos climáticos é menor à medida que a escala de estudo se reduz, surgem outros modelos, os modelos climáticos regionais.

Os modelos climáticos regionais foram desenvolvidos especificamente para o estudo regional ou local do clima, pelo que têm um grau de confiança superior. Estes modelos alimentam-se inicialmente dos modelos climáticos GCM e já apresentam uma resolução espacial na ordem dos 50 km. O modelo regional mais utilizado é o do Hadley Center na versão 3, designado por HadRM3.

 

previsoes DICAs429 (NOTA)

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Para que os modelos climáticos possam simular as alterações climáticas futuras tornou-se necessário definir cenários que contemplem o comportamento do Homem face às emissões de gases de efeito de estufa. Isso resulta do facto de as medidas que o Homem tomar para mitigar as alterações climáticas terem um impacto direto no futuro do clima na Terra. E quanto a estas medidas, vários cenários se podem colocar. As emissões de gases de efeito de estufa no futuro serão o resultado de complexos sistemas dinâmicos determinados por forças como o desenvolvimento demográfico, o desenvolvimento socioeconómico e a inovação tecnológica.

É importante reter que, independentemente do cenário futuro em análise, mesmo para os que conduzem a menores emissões de GEE, haverá sempre aquecimento global a que não será possível escapar. De igual modo, é possível fazer projeções para outros parâmetros meteorológicos como a intensidade de precipitação, a ocorrência de geadas e de ondas de calor. Também para estes se verifica que mesmo nos cenários com menores emissões, haverá sempre um impacto das alterações climáticas, designadamente o aumento da variabilidade da precipitação, da ocorrência de geadas e das ondas de calor.

De acordo com os apuramentos meteorológicos emitidos pelo IPMA para o período compreendido entre 11 e 17 de agosto (ver quadro), sofreram algumas alterações relativamente à semana anterior, com o regresso condições climáticas típicas de verão, com os valores da temperatura a aumentar significativamente, a velocidade do vento a fazer-se sentir de forma moderada nas zonas montanhosas, mas sem influência direta nas zonas cultivadas.

A disponibilidade de água no solo depende do balanço entre chuva e evapotranspiração. Verifica-se que os valores da precipitação estão bem abaixo dos da evapotranspiração (ver quadro), pelo que é necessário proceder às regas, sempre de acordo com as necessidades hídricas das culturas.

Até 27 de agosto (ver quadro), o IPMA prevê a estabilização das condições do estado do tempo, com dias de céu limpo alternando com nebulosidade ligeira na costa sul da Região e aguaceiros esporádicos previstos a norte.

Na execução das operações culturais, na sua exploração agrícola, nomeadamente as regas e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deve evitar sempre as horas mais quentes do dia.

Aconselha-se manter a monitorização às culturas, por forma a detetar os sinais e/ou sintomas de pragas ou doenças e poder, assim, agir de forma atempada no respetivo combate, minimizando eventuais prejuízos. Os tratamentos fitofarmacêuticos devem ser realizados em conformidade, com a leitura prévia e atenta dos rótulos), não esquecendo também que é obrigatório o registo no caderno de campo de todos os tratamentos fitofarmacêuticos efetuados.


Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica Agronómica 
Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
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Telef.: 291 211 260

 

Para informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA
Divisão de Assistência Técnica Agronómica /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260

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