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Meteorologia agrícola
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apuramentos DICAs429 (LEGENDA)

As alterações climáticas no passado recente

meteorologia DICAs 443 1 As observações meteorológicas dos últimos 157 anos mostram que as temperaturas à superfície do globo aumentaram. Em relação à média global da temperatura, o aquecimento no último século ocorreu em duas fases: de 1910 a 1940 (0,35 ºC) e de 1970 ao presente (0,55 ºC).

O aumento da taxa de aquecimento ocorreu sobretudo nos últimos 25 anos e 11 dos 12 anos mais quentes de que há registo ocorreram nos últimos 12 anos. É de notar que quanto mais pequeno e mais recente é o período considerado no ajuste, mais acentuado é o aquecimento. Por exemplo, nos últimos 25 anos, o aquecimento deu-se à taxa de 0,18 ºC por cada dez anos.

meteorologia DICAs 443 2 A confirmação desta tendência de aquecimento global resulta do aquecimento dos oceanos, do aumento dos níveis da água do mar, do degelo dos glaciares e da diminuição da cobertura de gelo e neve no hemisfério Norte.

A temperatura global não é o resultado da leitura num termómetro em particular, mas é registada numa rede de milhares de termómetros individuais sobre a terra e o mar, que medem diariamente a temperatura e contribuem para a estimativa da temperatura média global.

O aquecimento, em particular desde os anos 70 do século XX, tem sido geralmente maior em terra do que no mar, no Inverno do que no Verão e em zonas urbanas do que em zonas rurais. Globalmente, o aquecimento também não é uniforme. Havendo até zonas em que se tem verificado um arrefecimento, como na zona norte da Antártida.

Por outro lado, em zonas como o interior continental da Ásia e da América do Norte tem-se sentido um aquecimento acentuado.

Recentemente, tornou-se possível em muitas zonas do globo estudar as alterações das temperaturas máxima e mínima diárias. Particularmente desde 1950, estes estudos mostram um decréscimo do número de dias e noites muito frios e um crescimento do número de dias e noites muito quentes. O comprimento do período livre de geadas aumentou na maior parte das zonas temperadas. No hemisfério Norte, este facto tem resultado num cada vez mais antecipado começo da Primavera.

Em coerência com os aumentos da temperatura à superfície do globo, tem-se registado a diminuição no período de congelamento de rios e lagos. Em adição, a quantidade e extensão de gelo glacial tem-se reduzido a uma escala quase global: o degelo na Gronelândia é evidente, a cobertura de neve tem diminuído em muitas regiões do hemisfério Norte, a espessura do gelo no Ártico tem diminuído em todas as estações, mas muito dramaticamente na Primavera e no Verão, e o nível médio da água do mar está a aumentar.

Na Ilha Warming, na Gronelândia, constata-se a redução da área coberta por gelo. Esta ilha foi descoberta em 2007, precisamente em resultado do degelo, já que se julgava até aí tratar-se de uma península.

As observações de satélite mostram que a cobertura de neve na Primavera no hemisfério Norte diminuiu 2% por década desde 1966. No Ártico, a cobertura de neve média anual decresceu 2,7% por década. No Verão, aquele valor sobe para 7,4%. Por outro lado, a Antártica não apresenta qualquer tendência quanto à cobertura de neve. 

 

previsoes DICAs429 (NOTA)

meteorologia DICAs 443 3 As observações mostram também que estão a ocorrer alterações na quantidade, intensidade, frequência e tipo de precipitação. Todos estes aspetos da precipitação exibem, geralmente, uma variabilidade natural elevada, resultante de outros fatores que não apenas as alterações climáticas.

Durante o período entre 1900 e 2005, verificaram-se alterações significativas na tendência de longo prazo da quantidade de precipitação nalgumas zonas: mais chuvoso na zona ocidental da América do Norte, Norte da Europa e Norte e Centro da Ásia e mais seco no Sahel, Sul da África, Mediterrâneo e Sul da Ásia. Também se tem verificado um aumento da intensidade da precipitação, mesmo em zonas em que a quantidade total de precipitação tem diminuído. Estas alterações estão relacionadas com o aumento do vapor de água na atmosfera, em resultado do aumento da temperatura dos oceanos.

Noutras zonas, estão a registar-se ao aumento dos períodos de seca, assim como a frequência de cheias.

O tipo, frequência e intensidade de eventos climáticos extremos estão a modificar-se com as alterações climáticas. Essas modificações podem ocorrer mesmo que as alterações climáticas não sejam muito intensas. E, na realidade, alguns tipos de eventos extremos já estão a ser observados, como, por exemplo, o aumento da frequência e intensidade das ondas de calor e precipitações intensas. Desde 1950, o número de ondas de calor tem aumentado, assim como o número de noites quentes. A extensão de Regiões afetadas por secas aumentou. Em geral, o número de dias com taxa de precipitação elevada aumentou.

De acordo com os apuramentos meteorológicos emitidos pelo IPMA para o período compreendido entre 04 e 10 de agosto (ver quadro), sofreram algumas alterações relativamente à semana anterior, com o regresso inusitado de precipitação na costa sul, mas com os valores da temperatura sem registo de alterações, a velocidade do vento a fazer-se sentir de forma moderada nas zonas montanhosas, mas sem influência direta nas zonas cultivadas, e a precipitação praticamente inexistente (exceção feita a Santo António da Serra e Achadas da Cruz).

A disponibilidade de água no solo depende do balanço entre chuva e evapotranspiração. Verifica-se que os valores da precipitação estão bem abaixo dos da evapotranspiração (ver quadro), pelo que é necessário proceder às regas, sempre de acordo com as necessidades hídricas das culturas.

Até 20 de agosto de agosto (ver quadro), o IPMA prevê a estabilização das condições do estado do tempo, com dias de céu limpo alternando com nebulosidade ligeira na costa sul da Região e aguaceiros esporádicos previstos a norte.

Na execução das operações culturais, na sua exploração agrícola, nomeadamente as regas e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deve evitar sempre as horas mais quentes do dia.

Aconselha-se manter a monitorização às culturas, por forma a detetar os sinais e/ou sintomas de pragas ou doenças e poder, assim, agir de forma atempada no respetivo combate, minimizando eventuais prejuízos. Os tratamentos fitofarmacêuticos devem ser realizados em conformidade, com a leitura prévia e atenta dos rótulos), não esquecendo também que é obrigatório o registo no caderno de campo de todos os tratamentos fitofarmacêuticos efetuados.


Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica Agronómica 
Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
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Telef.: 291 211 260

 

Para informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA
Divisão de Assistência Técnica Agronómica /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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