1 1 1 1 1

Meteorologia agrícola
A informação técnica semanal ao seu dispor!

apuramentos DICAs429 (LEGENDA)

Emissão de gases de efeito de estufa (GEE)
Os dois gases mais abundantes na atmosfera, azoto (78%) e oxigénio (21%), têm pouca capacidade de efeito de estufa. O efeito de estufa resulta de moléculas mais complexas, mas menos comuns.

O vapor de água é o GEE mais importante, responsável por 36 a 72% do efeito de estufa total. O CO2 o segundo mais importante, sendo responsável por 9 a 26% do efeito de estufa total. O CH4, o N2O, o ozono e outros tantos gases presentes na atmosfera em quantidades pequenas também contribuem para esse efeito, embora em menor proporção. O CH4 é responsável por 4 a 9% do efeito de estufa total, enquanto o ozono é apenas responsável por 3 a 7%.

As atividades humanas resultam na emissão de quatro dos principais gases de efeito de estufa: CO2, CH4, N20 e halocarnonetos (um grupo de gases que contém compostos de flúor, cloro e bromo).

Estes gases acumulam-se na atmosfera, conduzindo ao aumento da sua concentração com o tempo. Durante a era industrial (séc. XVIII) e até aos dias de hoje, deram-se aumentos de todos estes gases, que são em larga escala atribuídos a atividades humanas.

O aumento de CO2 teve origem sobretudo nos combustíveis fósseis (75%) utilizados nos transportes, aquecimento e arrefecimento de edifícios e produção de cimento e outros bens (Fig. 1). A desflorestação também liberta CO2 e reduz a sua assimilação pelas plantas (Fig. 2). O CO2 é igualmente libertado pelo processo natural de oxidação da matéria orgânica do solo. O CO2 resultante destas duas atividades representa cerca de um quarto de todo o CO2 emitido por atividades humanas.

meteorologia figura1
Figura 1 - O aumento de CO2, um importante gás de efeito de estufa, teve origem sobretudo nos combustíveis fósseis utilizados nos transportes, aquecimento e arrefecimento de edifícios e produção de cimento e outros bens 
meteorologia figura2
Figura 2 - A desflorestação também liberta CO2 e reduz a sua assimilação pelas plantas

As emissões de CO2 para a atmosfera inserem-se no ciclo biogeoquímico do carbono. Os processos fundamentais envolvidos são a fotossíntese e a respiração/combustão, que podem ser vistos como processos inversos:
- a fotossíntese produz hidratos de carbono e oxigénio a partir de CO2 e água, reduzindo as emissões de GEE;
- a respiração/combustão produz CO2 e água a partir de hidratos de carbono e oxigénio, aumentando as emissões de GEE.

A industrialização conduziu ao consumo de combustíveis fósseis, inicialmente quase em exclusividade o carvão. No século XX, o consumo de petróleo começa a tornar-se significativo e, mais tarde, o de gás natural. Já na segunda metade do século XX, o consumo e emissões resultantes do petróleo ultrapassam o carvão.

O padrão de aumento de emissões durante o período é claríssimo e de tal magnitude que não surpreende que tenha sido um dos responsáveis pela alteração da composição da atmosfera.

O metano - CH4 aumentou como resultado de atividades relacionadas com a agricultura (em particular, a libertação por ruminantes – fermentação ruminal, os efluentes da exploração animal e a cultura do arroz), as perdas na distribuição de gás natural e os aterros (Fig. 3). O CH4 é também libertado em processos naturais que ocorrem, por exemplo, em zonas pantanosas. Na ausência de oxigénio, determinados microrganismos têm a capacidade de converter hidratos de carbono em CH4 e CO2, num processo designado por digestão anaeróbica.

meteorologia figura3 meteorologia figura3 1
Figura 3 - A libertação por ruminantes (fermentação ruminal) e a cultura do arroz são importantes fontes de CH4  
 

previsoes DICAs429 (NOTA)

O óxido nitroso - N20 é igualmente libertado por atividades humanas, com a utilização de fertilizantes e de combustíveis fósseis. Alguns processos naturais nos solos e oceanos também libertam N2O. No ciclo de azoto no solo, o azoto amoniacal (NH4+) é convertido em nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) por intermédio de microrganismos nitrificantes num processo designado por nitrificação. Por sua vez, o azoto sob forma de nitrato pode, sobretudo em condições de falta de oxigénio, na presença de microrganismos desnitrificantes, ser desnitrificado produzindo gases que se libertam para a atmosfera.

As concentrações de gases halocarbonetos aumentaram principalmente devido a atividades humanas. Os halocarbonetos principais incluem os clorofluorcarbonetos (CFCs) que eram muito utilizados em refrigeração e outros processos industriais antes de se saber que a sua presença na atmosfera causava a depleção do ozono estratosférico.

O ozono é um GEE que é continuamente produzido e destruído na atmosfera por reações químicas. As atividades humanas conduziram ao aumento de ozono na troposfera através da libertação de gases como o monóxido de carbono, hidrocarbonetos e N2O, que reagem quimicamente para produzir ozono. Como foi dito anteriormente, os halocarbonetos libertados pela atividade humana destroem o ozono na estratosfera responsável pelo buraco de ozono na Antártida.

O vapor de água é o GEE mais abundante e mais importante na atmosfera. As atividades humanas têm apenas uma pequena influência direta na quantidade de vapor de água na atmosfera.

Os aerossóis são pequenas partículas presentes na atmosfera com uma variada gama de tamanhos, concentrações e composições químicas.

Alguns aerossóis são emitidos diretamente para a atmosfera, enquanto outros são formados por compostos anteriormente emitidos. Contêm compostos que tanto podem ocorrer naturalmente como ter sido resultado de atividades humanas. Os combustíveis fósseis e a queima de biomassa aumentaram a quantidade de aerossóis com compostos de enxofre, compostos orgânicos e fuligem. Atividades humanas como a mineira à superfície e alguns processos industriais têm aumentado a quantidade de pó na atmosfera.

Entre os aerossóis naturais, incluem-se o pó mineral libertado à superfície terrestre, o sal da água do mar e o enxofre e pó produzidos por erupções vulcânicas.

De acordo com os apuramentos meteorológicos emitidos pelo IPMA para o período compreendido entre 28 de julho e 03 de agosto (ver quadro), as condições do estado do tempo mantiveram-se sensivelmente iguais às das semanas anteriores, o que revela estabilidade nas condições do estado do tempo, com os valores da temperatura a aumentar ligeiramente, a velocidade do vento a fazer-se sentir de forma moderada nas zonas montanhosas, mas sem influência direta nas zonas cultivadas, e a precipitação praticamente inexistente (exceção feita a Santo António da Serra e Achadas da Cruz).

A disponibilidade de água no solo depende do balanço entre chuva e evapotranspiração. Verifica-se que os valores da precipitação estão bem abaixo dos da evapotranspiração (ver quadro), pelo que é necessário proceder às regas, sempre de acordo com as necessidades hídricas das culturas.

Até 13 de agosto de agosto (ver quadro), o IPMA prevê que as condições do estado do tempo não sofram alterações significativas, com a costa sul da Região com dias de céu limpo, alternando com nebulosidade ligeira, e muita nebulosidade e aguaceiros esporádicos a norte.

Na execução das operações culturais, na sua exploração agrícola, nomeadamente as regas e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, deve evitar sempre as horas mais quentes do dia.

Aconselha-se manter a monitorização às culturas, por forma a detetar os sinais e/ou sintomas de pragas ou doenças e poder, assim, agir de forma atempada no respetivo combate, minimizando eventuais prejuízos. Os tratamentos fitofarmacêuticos devem ser realizados em conformidade, com a leitura prévia e atenta dos rótulos), não esquecendo também que é obrigatório o registo no caderno de campo de todos os tratamentos fitofarmacêuticos efetuados.


Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica Agronómica 
Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260

 

Para informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico /DSDA
Divisão de Assistência Técnica Agronómica /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260

Comentar

Código de segurança
Atualizar

Este sítio utiliza cookies para facilitar a navegação e obter estatísticas de utilização. Pode consultar a nossa Política de Privacidade aqui.