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Meteorologia agrícola
A informação técnica semanal ao seu dispor!

apuramentos meteorologicos 14a20 julho (LEGENDA)

De acordo com os apuramentos meteorológicos do período compreendido entre 14 e 20 de julho (ver quadro), os valores de precipitação são extremamente baixos e as temperaturas acima da média, pelo que se deve dedicar especial às necessidades hídricas das culturas, e efetuar as regas com maior frequência. Quer as regas quer a eventual aplicação de produtos fitofarmacêuticos, continuamos a lembrar que, deverão ser efetuadas nas horas de menor calor.

Poucas são as alterações nas previsões climáticas para a próxima semana, (até 30 de julho), alguma nebulosidade, precipitação pouco significativa apenas a norte da Região.

Manter a monitorização, às suas culturas, nomeadamente hortícolas e em particular as brássicas.

A potra e a falsa potra são dois problemas fitossanitários com origens muito diferentes, uma doença e uma praga, mas de aspeto exterior com algumas semelhanças, o que pode levar à confusão dos sintomas e das medidas de controlo a adotar. Uma e outra afetam plantas da família Brassicaceae como couves de todas as variedades, colza, nabos e rabanetes.

Potra da couve (Plasmodiophora brassicae Wor.)

foto1 galhas nas raizes
Foto 1 – Galhas nas raízes 
foto2 clorose das folhas
Foto 2 – Clorose das folhas  

A potra (Plasmodiophora brassicae Wor.) é uma doença causada por um fungo que infeta quase todas as crucíferas. Este penetra nas plantas através dos pelos radiculares, causando hiperplasia e consequente formação de galhas (foto 1), engrossamento e deformações das raízes (tanto na primária como nas secundárias). Todo este mecanismo dificulta a absorção de água e nutrientes e leva ao atrofiamento da planta, que se manifesta por crescimento limitado, clorose parcial das folhas (foto 2) e murcha nas horas de maior calor, recuperando pela fresca. Se a infeção ocorrer no início de ciclo das plantas, percebe-se atraso de crescimento. Numa fase mais avançada do desenvolvimento da planta verifica-se a perda de vigor e amarelecimento das folhas (foto2) e a murcha nas horas de maior calor. Em algumas situações estes sintomas acentuam-se pela presença de outros parasitas o que impulsiona ainda mais o processo de destruição da couve.

A potra ou hérnia da couve, conhecida também como cepa da couve, tem uma importância económica significativa em muitas zonas de produção de couves, principalmente porque pode atacar quase todas as espécies hortícolas da família das crucíferas, tais como, nabos, penca, coração de boi, lombarda, couve brócolo, couve-flor, couve-de-bruxelas, etc., e também espécies espontâneas, e pode tornar o solo impróprio para a produção durante vários anos.

Sintomas

A planta pode ser afetada desde o alfobre. Porém, nesta fase não apresenta sintomas na parte aérea.

O primeiro sintoma externo da doença, manifesta-se por um fraco crescimento da planta, sobretudo se os ataques se dão no cedo. Numa fase mais avançada, torna-se bem evidente o efeito sobre o crescimento, e nesse caso as folhas perdem o vigor durante as horas mais quentes, murcham, amarelecem e caem.

Com frequência, esta murchidão acentua-se pela instalação de outros parasitas, o que acelera o processo de destruição das couves.

Nas raízes (tanto na principal como nas secundárias), e mais raramente na base do caule, manifesta-se pelo aparecimento de massas brancas, que evoluem em galhas ou tumores de forma variável, envolvendo as raízes pelo todo.

foto3 corte de raiz com sintomas de potra
Foto 3 - Corte de raiz com sintoma de potra 
foto4 raiz fortemente atacada por potra
Foto 4 - Raiz fortemente atacada 

Em corte, estes tumores não apresentam cavidades, contrariamente ao que se pode observar de um ataque de falsa potra (foto 3).

Disseminação da doença

A disseminação pode fazer-se pelos tumores existentes nas raízes das plantas, tumores existentes no solo, utensílios contaminados e estrumes compostos de excrementos de animais alimentados por raízes de plantas infetadas.

Fatores favoráveis ao desenvolvimento do fungo

- Solos húmidos e com tendência a encharcamentos;
- Solos pesados e compactos;
- Solos de baixo pH (solos ácidos);
- Incidência prolongada de crucíferas na mesma parcela conduz mais tarde ou mais cedo a contaminações graves deste fungo, se o pH do solo e as condições de humidade são favoráveis a este parasita;
- Viveiros infetados, podem desempenhar um papel importante na disseminação da doença, assim como, as águas que escorrem de solos contaminados;

 

previsoes meteorologicas 21a30 julho (NOTA)

- A existência de restos das culturas anteriores atacadas que contêm estruturas de conservação do fungo (plasmódios) no solo, que permanecem viáveis durante vários anos.

Meios de prevenção e de combate à doença

Não existem meios de luta químicos. A solução para este problema passa por um conjunto de medidas culturais preventivas:

- Na preparação do solo, fazer análise de terra, de modo a efetuar as correções necessárias e evitando adubações excessivas;
- Elevar o pH do solo para níveis próximos da neutralidade, através de corretivos calcários ou adubações alcalinizantes, de acordo com os resultados da análise. Um dos adubos alcalinizantes existentes no mercado como fertilizante azotado, e com ação fungicida, herbicida, inseticida e outras propriedades, é a cianamida cálcica. Por ser cáustica, deve ser incorporada no solo pelo menos 15 dias antes da plantação. No entanto, há que evitar aplicações exageradas de calcário, que podem conduzir ao bloqueamento (não absorção pelas plantas) de outros nutrientes como, por exemplo, o fósforo;
- Evitar produzir couves e outras brássicas (nabos, nabiças, repolhos) em solos pesados e compactos;
- Evitar solos com problemas de drenagem;
- Utilizar plantas sãs, produzidas em casa ou provenientes de viveiros de confiança. Ao fazer o transplante, examinar cuidadosamente as plantas e rejeitar as que apresentam tumores característicos da potra;
- Destruir as crucíferas espontâneas na parcela e imediações (por exemplo, saramagos, mostarda brava);
- Arrancar e queimar as plantas atingidas, tendo o cuidado de retirar do solo os restos das raízes, a fim de eliminar as galhas existentes;
- Realizar rotações longas, não fazendo crucíferas pelo menos durante 7 ou 8 anos no mesmo terreno.

Não confundir a potra com a falsa potra, cujos sintomas têm alguma semelhança, embora os tumores da falsa potra sejam provocados por um inseto.

Falsa potra (Ceuthorrhynchus pleurostigma Marsh.)

foto5 coleoptero
Foto 5 – Coleóptero (Ceuthorrhynchus
pleurostigma Marsh) 

A falsa potra da couve é provocada por um pequeno inseto, um coleóptero, cinzento-escuro que mede aproximadamente 3 mm, cuja larva é ápode (sem patas) de cor esbranquiçada e com cerca de 6 mm no final do seu desenvolvimento (foto 5).

Embora seja uma praga com uma única geração anual, tem a particularidade de poderem aparecer populações com dois ciclos evolutivos diferentes. Um ciclo em que os adultos se reproduzem no outono e passam o inverno no estado larvar no interior das galhas e outro ciclo em que os adultos hibernam no inverno e se reproduzem na primavera.

As fêmeas perfuram as raízes para porem os ovos. Os adultos, durante a postura e posteriormente as larvas, segregam substâncias que vão afetar os tecidos da raiz provocando a lenhificação dos mesmos, originando galhas, ficando com um aspeto deformado, perdendo o seu valor comercial, principalmente se for na cultura do nabo. Na cultura da couve pode dificultar o desenvolvimento da planta.

Sintomas

foto6.1 raizes com sintomas de falsa potra foto6.2 raizes com sintomas de falsa potra
Fotos 6 - Raízes com sintomas de falsa potra 

Aparentemente, os sintomas são idênticos aos da potra da couve (Plasmodiophora brassicae), embora seja fácil a sua distinção. Por um lado, as deformações causadas pela potra são mais extensas e no caso da falsa potra, ao abrir uma galha, encontra-se uma larva no seu interior ou uma pequena galeria.

foto7.1 corte transversal da galha com larva interior foto7.2 corte transversal da galha com larva interior
Fotos 7 – Corte transversal da galha com a larva no seu interior 

Meios de prevenção e de combate à praga

Efetuar rotações, evitar o transplante de plantas com galhas e no final da colheita queimar todos os restos da cultura, especialmente todas as raízes que tenham galhas.

O combate a esta praga é difícil e não há produtos homologados em Portugal para o seu controlo.

Miguel Teixeira
Divisão de Assistência Técnica à Agricultura/DSDA
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

Para mais informação relativamente à prevenção e/ou tratamento, deverá contactar o seguinte serviço da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Direção de Serviços de Desenvolvimento da Agricultura /DSDA
Divisão de Assistência Técnica à Agricultura /DATA
Correio eletrónico: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Telef.: 291 211 260