A Anona da Madeira, esse prodígio divino que não deixa ninguém indiferente! |
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Em harmonia com a Madeira, a Anona vinda desde os longínquos vales dos Andes entre o Equador e Peru, chegou cá, trazida pelos “ventos” dos Descobrimentos. Conta-se que por volta de 1600, madeirenses emigrados no Peru, quando regressaram, trouxeram sementes deste “Manjar dos Deuses” como Joaquim Vieira Natividade tão bem a adjectivou no livro “Madeira – A Epopeia Rural” de 1953. E o ilhéu acarinhou sempre a anoneira, não só como árvore produtora de frutos com um toque exótico e delicado, mas igualmente por ser uma árvore que proporcionava uma agradável e fresca sombra nos dias de estio. Ao longo dos tempos, pelas condições excepcionais do clima e terra da Madeira, foi-se propagando através de semente e originou uma diversidade de variedades de anona, que muitos consideram, a mais rica e variada colecção de Anonas depois do seu ponto de origem. Como consequência de um aturado trabalho de melhoramento genético obtiveram-se as variedades “Madeira”, “Funchal”, “Perry Vidal” e “Mateus I”. Foi também por isso e pelo trabalho realizado pelo Homem no passado e no presente, que a partir de 2000 lhe foi reconhecida pela União Europeia como um produto agrícola de excelência, tendo sido atribuída a certificação de Denominação de Origem Protegida, caso único na Agricultura madeirense até à data. |
Para que se tenham boas e abundantes produções, é essencial podar as anoneiras todos os anos, dado que melhora o arejamento e iluminação interior da copa, controla a altura da planta, reduz os problemas fitossanitários provocados por certas pragas e doenças, e facilita a colheita dos frutos. Comer uma Anona é como comer um pudim, uma sobremesa magistralmente confeccionada pela Natureza. A polpa branca, sumarenta e deliciosa mesclada com as sementes pretas, são um deleite para os sentidos. Poder prolongar-se esse prazer, bebendo um licor deste fruto ou um batido ou ainda provando uma fatia de bolo de anona, é uma experiência memorável que vai querer repetir. Neste fim-de-semana, poderá constatar na freguesia do Faial todo o potencial que a Anona da Madeira tem, participando nas atividades técnicas, culturais e lúdicas da XXVI Exposição Regional da Anona, que apresenta um programa preenchido e que não pode perder. Em suma, a Anona da Madeira, esse prodígio divino que não deixa ninguém indiferente, está aqui, bem próxima de si! Desfrute-a! Joaquim Leça |
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