Grupo Folclórico Juvenil da Camacha
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Consistia de uma corsa feita de madeira de castanho, vinhático ou til, com patins metálicos. As partes laterais e as costas dos assentos eram também de madeira ou feitos em vime. Sobre os dois assentos, instalados frente a frente, erguia-se uma estrutura coberta, com cortinas laterais de algodão que geralmente se mantinham abertas. Era puxado por bois e conduzido por dois elementos do sexo masculino. Ao boieiro competia orientar a direção dos animais e ao candeeiro levar a iluminação, quando necessária, afastar as moscas dos animais e colocar um pano seboso debaixo do carro para facilitar o deslizamento. Isabella de França (1853-54, p. 52) comparou-o aos baloiços usados em feiras inglesas: " É um veículo muito semelhante aos baloiços usados nas feiras de Inglaterra, montado sobre um trenó, com almofadas e cortinas, e tirado por dois destes bonitos bois pequeninos da terra, de pêlo castanho escuro (....). Além do boieiro, cada carro é acompanhado por um rapaz que corre adiante dos bois, com um trapo que ele molha em cada levada ou poço que lobriga e atira para debaixo do trenó a fim de o fazer deslizar melhor." Segundo esta inglesa que viveu na Madeira durante um ano e que registou as suas impressões num diário de viagem, a conversão da corsa para transporte de passageiros ter-se-ia dado devido ao Major Bulkeley, provavelmente em 1848/49. No entanto, já em 1836 no diário de viagem do americano Edward W. Wells existe a referência à corsa como meio de transporte de passageiros e foi desenhado em 1836 pelo inglês Eduard V. Hartcourt. Assim, e segundo alguns autores, o papel do Major Bulkeley teria sido a adaptação de assentos, toldo e almofadas a essa mesma corsa. |
Durante o primeiro quartel do século XX, este foi o meio de transporte coletivo mais utilizado em toda a ilha e para os mais variados fins: deslocação à missa, visitas de cortesia, ida às compras, viagens entre freguesias, sempre que a orografia da ilha permitisse. Em estradas com inclinação superior a dez por cento, o pavimento foi adaptado com degraus abaulados, "calçada pé-de-boi, devido à distância de um a outro degrau ser igual à das passadas daquele animal" (Pereira, 1989, p.14). Com a construção de novas estradas e o desenvolvimento de outros meios de transporte, o carro de bois foi transformado em atrativo turístico, mantendo-se a circular apenas em algumas ruas do centro do Funchal, até ao início dos anos oitenta do século XX.
Gilda Nóbrega
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