O armazenamento e conservação da batata – parte I |
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A temperaturas mais baixas, entre 3 e 5ºC, este fenómeno ocorre de forma muito débil e o desenvolvimento de fungos e bactérias é mínimo e, assim, a planta conserva-se bastante bem e durante períodos mais ou menos longos. Para evitar que o tubérculo perca água por evaporação, há que manter os níveis de humidade relativa do ar a níveis superiores a 90%, já que, em ambientes mais secos, estas perdas podem ser bastante elevadas e os tubérculos tornam-se murchos e depreciam-se comercialmente. Por outro lado, os tubérculos não devem estar excessivamente humedecidos ou molhados durante a conservação, pois, nestes casos, os níveis de putrefação são muito grandes, ao favorecer a ação de todo um tipo de patógenos e ao estimular a germinação dos "olhos". Pelo referido, deduz-se que, para se garantir uma boa e prolongada armazenagem do produto, a temperatura que há que garantir deverá estar à volta de 3-5ºC e a humidade relativa deverá rondar os 90-93%. Para o caso da batata de consumo, para além de se ter em conta estes aspetos, há que evitar a germinação dos "olhos", sendo aconselhada a aplicação de produtos que a inibem, os chamados anti-abrolhantes, garantindo-se uma conservação de 7-8 meses (quando se armazena batata semente, obviamente que a aplicação destes produtos estará vedada) Também está demonstrado que as batatas, quando conservadas a temperaturas da ordem dos 3-5ºC, veem aumentado o nível de açúcares redutores, aos quais se deve a coloração mais escura das batatas quando fritas, pelo que quando as batatas se destinam a estes fins deverão ser conservadas a temperaturas ligeiramente mais elevadas, entre 8-10ºC. Assim, a temperatura de conservação tem de se adaptar aos vários destinos que se pretende dar à batata. Como na RAM o destino dado à batata conservada é diversificado, optou-se pela conservação a temperaturas mais altas (8-10ºC). As condições a ter em conta para uma boa conservação (seja de curto como de longo prazo) devem ser tais que:
As perdas podem ter várias causas, a exemplo de: 1. Perdas por evaporação A composição do tubérculo da batata inclui à volta de 80% de água. A maior parte da perda de peso que pode ocorrer em armazém relaciona-se assim com perdas deste elemento, o que, normalmente, implica não só perda de peso, como de qualidade do produto. A água de composição dos tubérculos é perdida, essencialmente, através da pele, de feridas ou dos novos brotos, sendo estas últimas muito mais elevadas que a feita através da pele; esta diferença é ainda maior quando a batata está devidamente encascada/madura. Em termos orientativos a proporção de perdas segundo estas vias será, 1:300:100, respetivamente. A ventilação com ar com baixo teor de humidade acelera a respiração. Quanto maiores forem os ventiladores, atuando com o mesmo número de revoluções/minuto, mais curto será o tempo de ventilação.
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2. Perdas por respiração Como já se referiu, o tubérculo, como organismo vivo, respira, num processo em que o oxigénio é absorvido, juntamente com os açúcares que o tubérculo possui, formando-se anidrido carbónico e água, num processo em que se liberta calor. O dióxido de carbono é libertado para a atmosfera que rodeia os tubérculos, produzindo neste processo humidade e calor. Este processo respiratório depende em muito da temperatura a que está sujeito o material e menos da quantidade de açúcar que contém e das feridas que possam existir. Os tubérculos imaturos, com muitos danos ou em início de germinação têm, em geral, um maior nível de respiração que os maduros, sãos e em estado de latência. Quando uma pilha de batata produz mais calor que aquele que é extraído, a mesma aquece; tal ocorre quando a temperatura do ar é relativamente alta, a respiração dos tubérculos é alta e há pouca ou nenhuma ventilação no seu interior. Alguns autores referem que se produz um sobreaquecimento da pilha quando se armazenam batatas sem ventilar a mais de 1,80 m de altura e a uma temperatura de 25ºC ou quando a pilha tem 3,5 m e encontra-se a uma temperatura ambiente de 20ºC. Para manter baixo o nível de respiração, o normal é manter baixa a temperatura do armazém (entre 4 e 8ºC). Para tal é necessário ventilar com ar frio, não só para baixar a temperatura dos tubérculos, como para extrair o calor produzido pelos processos de respiração. Para evitar a falta de oxigénio, que conduz ao enegrecimento dos tecidos do centro dos tubérculos, o dióxido de carbono deve ser extraído e substituído por oxigénio, o que implica que o ar que rodeia os tubérculos armazenados deve ser frequentemente reciclado. 3. Perdas devidas ao crescimento de brotos O crescimento dos brotos (grelos) provoca grandes perdas, por evaporação, por aumento da respiração e pela utilização dos carbo hidratos. Para evitar este fenómeno (ou reduzi-lo de forma significativa, após o material ter ultrapassado a fase de latência) a temperatura ambiente deveria rondar os 3 a 4ºC. Se a temperatura de conservação tiver de ser maior que aquele intervalo, seja por impossibilidade ou porque a bata se destina a fritura ("palito" ou "chips"), devem ser usados produtos químicos inibidores da germinação (anti-abrolhantes). A humidade também favorece o crescimento dos brotos. O crescimento dos brotos pode ser evitado, ou reduzido, pelas seguintes diligências:
4. Perdas por ataques de fungos e bactérias Por melhor que a batata se encontre conservada, há sempre uma pequena percentagem de tubérculos infetados, que podem vir a ser focos de infeção, sobretudo quando existe um grande número de tubérculos com feridas ou mal encascados. O ataque e desenvolvimento deste tipo de doenças é reduzido ao mínimo se as temperaturas de armazenamento forem baixas, a humidade relativa também baixa, isto se o material foi devidamente curado (cicatrizado) antes do início da conservação. Esta cura deve ser feita a temperaturas à volta de 15ºC, durante cerca de 15 dias. As perdas ocasionadas pelo ataque de fungos, bactérias e vírus podem ser reduzidas se se adoptar os seguintes cuidados:
Ricardo Costa |
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Comentários
Obrigado
JoaquimbenLevy
A batata de conservação que é armazenada na rede CA é sujeita à aplicação de um anti-abrolhante, cuja substância ativa é o clorprofame. No entanto, quando a conservação frigorífica é curta e a pedido do utente produtor, o anti-abrolhante não é aplicado.
Com os melhores cumprimentos,
a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Os sintomas descritos podem corresponder a várias pragas ou mesmo doenças, pelo que se aconselha a contactar a Divisão de Assistência Técnica e Mecanização Agrícola, através do telefone 291 211 260, para mais facilmente identificar e atuar de modo adequado, ainda no período de cultivo da batata.
Para o armazenamento, poderá seguir alguns conselhos, nomeadamente:
- o local de armazenamento deverá ser fresco, seco, escuro e bem ventilado;
- as aberturas do armazém devem ser vedadas com rede com 2 a 3mm de espessura;
- limpar e desinfetar o armazém com enxofre;
- armazenar apenas os tubérculos sãos;
- usar repelentes da traça, a exemplo do loureiro;
- e utilizar um inseticida anti-traça homologado para o efeito, que, apesar de apresentar um certo nível de toxicidade, é seguro desde que cumpridas as indicações no rótulo.
Com os melhores cumprimentos,
a Direção Regional de Agricultura.
Agradeço informação quando devo colocar pó nas batatas de conservação, estas foram colhidas há cerca de vinte dias
Cumprimentos
Francisco Abreu