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Marca "Produto da Madeira" associa-se ao Campeonato Nacional de Estrada de Patinagem de Velocidade

campeonato1A invenção dos patins sobre rodas é atribuída a um conterrâneo de TinTim, um tal de Jean-Joseph Merlin, que lá pelos anos de 1750, engenhocas como era, resolveu congeminar uns suportes com que se pudesse rolar sobre o solo, à semelhança dos que já existiam para deslizar no gelo. Estando a viver em Inglaterra, comungando quiçá do espírito do mago homónimo que reinara por terras de Avalon, depois de muito suor, noites insones, parafusos que teimavam em perder-se, impropérios de fazer corar as paredes, Merlin lá conseguiu fabricar uma espécie de patins e, note-se, com somente uma roda em cada pé.

Ufano com a magnífica criação, logo ansiou fazer a sua apresentação pública num evento que trouxesse a fina flor de Londres. Nem mais, na primeira festa sonante, e como era também razoável violinista, encenou que faria a sua entrada no salão de baile montado nos "pés voantes" e a tocar o dito instrumento. Talvez poucos dos presentes tenham tido sequer oportunidade de o ver mas, garantidamente, ouviram-no, e adiante perceberemos porquê.

Quem tenha testemunhado aquela inopinada aparição só conseguiu divisar, nuns brevíssimos segundos, um Sr. Merlim a passar como se flutuasse, a cabeleira postiça arrepanhada para trás vai-não-vai a soltar-se da cabeça, os braços retorcidos na tentativa das mãos manterem, uma o arco, a outra o violino, do qual apenas emergiam uns grunhidos desesperados e... zás, catrapás! Isso sim, um valente de um estrondo!

A tentativa de exibição foi um imenso "flop" pois, num ápice, logo chocou de borco e com inusitado espalhafato contra um luzidio espelho, daqueles grandes, de meia parede. Zonzo, por entre cacos de vidro e pedaços do infeliz violino, Merlin só terá pensado em como arranjaria a quantia suficiente para indemnizar o dono do caríssimo espelho que, a propósito, aproximava-se furibundo. Dinheiro que jamais obteria, provavelmente, a vender o seu invento.

Aparte o risível daquela apresentação, que até acontecera num baile de máscaras, não se poderá diminuir o mérito do belga (ficou também celebrizado por ter desenvolvido diversos automatismos com relógios, na companhia do famoso Cox) este, como muito outros mais ou menos esconsos professores "Pardal", nos tempos seguintes, prosseguiram na evolução e melhoria daquela ideia original.

Porém, só em 1819, vêm a ser conhecidas novas soluções de patins, os primeiros com 3 rodas em linha, imaginados por um francês de apelido Peritbled e, uns anos depois, em 1823, os "Rollito", com cinco rodados também alinhados, patenteados por John Tyers.

No documento de registo, os "Rollito" eram descritos como um aparelho «com rodas fixado aos sapatos, botas ou outro elemento que cubra o pé, com o propósito da necessidade de locomoção e lazer». Mas terão sido poucos os destemidos a querem experimentar este tipo de patins muito difíceis de manobrar, e quase de certeza responsáveis por numerosas cabeças ponteadas e joelhos encarniçados.

Prosseguindo a aventura dos patins, em 1863, James Plimpton apresentou um protótipo com quatro rodas, dois pares lado a lado. Devido ao melhor controlo, este tipo de patim rapidamente angariou as simpatias da indústria e, obviamente, pela muito boa receptividade obtida junto dos patinadores, ou candidatos a tal.

Apesar da maioria dos fabricantes produzir este tipo de patins, alguns deles não deixaram de insistir nos em linha. Em 1900, a Peck & Snyder Company registou um patim em linha com duas rodas, e cinco anos mais tarde, John Jay Young, em Nova Iorque, um patim que era ajustável em comprimento. Em 1910, a Roller Hockey Skate Company concebeu um equipamento com três rodas em linha e uma bota em cabedal, e em 1930 a Best-Ever Built Skate Company, lançou um modelo, igualmente em linha, mas com três rodas junto ao chão.

Foi já há um pouco mais do meio do século passado, mais precisamente em 1966, que o patinador Scott Olson, inspirando-se nos patins de lâmina para gelo, através da Chicago Roller Skate Company, arquitetou um patim com quatro rodas em linha, que se distinguia pelo facto da primeira e última rodas estarem afastadas da bota. Olson e o irmão optaram e adaptaram este modelo, e com ele causaram, segundo os especialistas, uma verdadeira "revolução" na patinagem mundial, designadamente no que respeita às corridas de velocidade.

 

campeonato2Segundo a Federação de Patinagem de Portugal, este desporto teve início no país «como meio recreativo e foi através de gincanas que alcançou interesse e proporcionou espetáculos cheios de beleza, sendo o setor feminino aquele que maior predominância exercia nos festivais que então eram realizados com bastante frequência».

Reportando-se a 1912, naquelas gincanas também os rapazes participavam mas em saltos e provas de velocidade. Como esclarece a FPP «todavia, não podemos deixar de salientar que houve nas Corridas duas grandes fases que correspondem a acontecimentos marcantes na vida da modalidade.

A primeira corresponde a uma época que vai desde o início, mais ou menos regular da prática da modalidade até ao ano de 1953, onde se atingiu um nível técnico razoável que permitiu estabelecer raízes profundas, adquirindo a vitalidade necessária para resistir ao intervalo que mediou entre a primeira e a segunda fase, intervalo esse que se pode definir entre 1953-54 e 1978».

Em 1979, sendo o organismo federativo então liderado por José Castel-Branco, ainda segundo a atual FPP, este «decidiu reiniciar as Corridas em Patins, dando-se, assim, início à segunda fase das Corridas em Patins, atingindo o momento áureo com o aparecimento dos patins em linha».

Este desfiar de um pouco da história dos patins e da patinagem vem a propósito da realização, neste próximo fim-de-semana, dias 29 e 30 de março, nas vias rodoviárias internas do Centro de Abastecimento Hortofrutícola dos Prazeres, também conhecido por Mercado Abastecedor dos Prazeres, de uma prova do Campeonato Nacional de Estrada, nas categorias de cadetes/seniores e, paralelamente, do "Torneio Nacional – Calheta Sobre Rodas" para escolares e infantis.

O evento, que envolverá mais de uma centena de atletas do continente e regiões autónomas, é uma organização conjunta do Município da Calheta, da Federação de Patinagem de Portugal, e, "last, but not the least", do Clube Desportivo e Recreativo dos Prazeres. E recorremos à expressividade do anglicismo, que significará "em último, mas não o menos importante", porque este clube, desde 2009, criou uma secção de patinagem de velocidade, inicialmente com 15 atletas mas que, em menos de um lustro, já conta com mais de 90 patinadores nados no concelho da Calheta.

Nestes poucos anos de existência da secção, o C.D.R. Prazeres arrecadou cerca de 120 títulos nacionais na modalidade, com particular destaque no setor feminino. Ao nível internacional, em 2012, a patinadora Dina Rodriguez foi vice-campeã da Europa por duas vezes. A competir em Júnior B, esta jovem promessa conquistou dois lugares no pódio, nas provas de fundo, a sua especialidade, nos "10Km Eliminar" e nos "10Km Pontos + Eliminar", mais contribuindo para que a equipa de Juniores A, se sagrasse também vice-campeã europeia nos "3Km Estafetas Americana", em conjunto com as suas duas companheiras de clube, Glória Pereira e Andreia Canha.

A Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, além de ter disponibilizado o amplo espaço do Mercado Abastecedor dos Prazeres para a realização das competições, não poderia perder a oportunidade de aliar ao Campeonato Nacional de Estrada a divulgação e promoção dos produtos agroalimentares madeirenses, tirando partido, quer dos muitos participantes diretos previstos, a passar pelas equipas, respetivos acompanhantes e elementos da organização, quer dos numerosos espetadores que certamente atrairá.

Sob a envolvência da Marca "Produto da Madeira", além de uma exposição gráfica alusiva ao seu 3.º aniversário, estarão presentes stands individuais da Quinta Pedagógica dos Prazeres, da Valvie, da Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Seco e da Madeira Cana Drink. Estes convidados especiais, apresentar-se-ão em conjunto com os muitos agricultores que todos os domingos dão "vida e alma" ao Mercado dos Agricultores dos Prazeres, o qual alarga o seu funcionamento habitual ao sábado, dia 29 de março.

Venha testemunhar como pode (e deve) ser perfeita e natural a ligação entre desporto e produtos agroalimentares. Como bom madeirense, enquanto vibra e puxa pelas nossas "deusas de pés alados", delicie-se com o melhor da agricultura e agroindústria regionais, seja uma fresca peça de fruta da época, uma deliciosa fatia de Pão de Casa barrada com um doce não menos sublime ou, entre muitas outras opções, um refrescante (e retemperante) sumo de cana-de-açúcar.

 

Paulo Santos
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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