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Madeira CanaDrink – 5 Anos a adoçar os Madeirenses

canadrink cartazSempre o tempo e a sua velocidade estonteante. Com o rigor do cálculo, poderemos afirmar terem passado, sobre o que à frente melhor se entenderá, 1.825 dias, 43.800 horas e 2.628.000 segundos.

Deste último número, e para que se apreenda o que possa representar, basta considerarmos o número de bebés que nascem a cada segundo que passa no planeta. Nada mais do que 3, de acordo com o insuspeito e credível Fundo de População das Nações Unidas, no seu Relatório sobre a Situação da População Mundial em 2011.

Repegando a calculadora, se convertermos aqueles 2.628.000 segundos em nascimentos, teremos qualquer coisa como 7.884.000 voos da cegonha o que, se atendermos às assustadoras projeções do Instituto Nacional de Estatística sobre o evoluir da população portuguesa, superará em mais de um milhão o número de lusitanos previstos habitarem em 2060 as terras que Afonso Henriques conquistou com tanto suor, sangue e lágrimas. Assim, poderemos afirmar que, na unidade de tempo "bebés entretanto nascidos", que a Madeira CanaDrink fez a sua aparição há nada mais, nada menos, do que "7.884.000 bebés atrás" e, precisamente numa Feira Regional da Cana-de-Açúcar e seus Derivados.

Amigo comum dera-me uma apitadela dizendo que um Sr. Luís tinha adquirido, lá pelos "brasis", uma máquina "xpto" fazedora de sumo de cana-de-açúcar, e que pretendia dar uso à mesma já naquele evento.

Tudo correu bem, e aquela presença veio a constituir-se um verdadeiro caso de sucesso. Num ápice, e após um breve rumorejar, de um lado entrava cana "gorda" e viçosa e, do outro, saía uma tira espalmada e filamentosa, completamente exangue. Sumida, pois dobrada e com mais uma passagem, a tal maquineta sugava ao vegetal todo o seu rico sumo, tombado para um recipiente abaixo do ponto de entrada.

Se Valter Hugo Mãe inventou uma "máquina de fazer espanhóis", o Mestre José Luís, sim, Mestre, descobrira ou fizera o "achamento", aqui mais investido de novel Pedro Álvares Cabral, de uma autêntica "máquina de fazer delícias".

E se o funcionamento daquela caixinha mágica espantava e atraía os passantes, fossem madeirenses ou forasteiros, o que mais os cativou foi a experiência do seu resultado, um fresquíssimo e delicioso sumo de cana-de-açúcar. Para quem já apreciasse aquele suco de sabores paradisíacos, uma certeza, escusaria de ter de sovar a dentadura na complicada arte de "chupar" troços de cana, à boa maneira antiga, cortados a canivete.

Além do sumo de cana puro, com umas gotas de limão para os que não gostam de tanta doçura, este líquido constituiu a base para o desenvolvimento de tantas outras bebidas criativas. Com a mistura de um excelente rum da Madeira, desde logo se destacou a "Kanoska" e, da adição da guarapa com o aniz, a não menos apreciada "Kaniz".

Depois de muitos certames e festas em que a Madeira CanaDrink marcou presença, e após muitas toneladas de cana-de-açúcar espremida até ao tutano, foram sendo introduzidas novas bebidas, além de uma "Rapidinha" (cujo "parto" um dia contaremos), ao cardápio foram adicionadas a "Morancana" e a "Kiwicana", como os nomes indicam, resultantes da combinação do sumo de cana com morango e com o fruto que tem o mesmo nome da ave símbolo da Nova Zelândia.

 

mad cana1Mas se existe, para bem do palato de todos nós, a Madeira CanaDrink, o projeto deve-se única e exclusivamente à capacidade empreendedora e arrojo do Mestre José Luís. O seu cognome, que ficará para sempre agarrado ao que se junta, deve-se ao facto do Sr. José Luís exercer a profissão de metalúrgico, a mestria de fundir e moldar metais. Essa sapiência aplicou-a não só ao equipamento que faz o stand que habitualmente utiliza, como no invento de várias engenhocas, especialmente para cortar, lavar e limpar as canas-de-açúcar.

Agora também cultivador de canaviais, por necessidade do negócio, há outro talento que o Mestre José Luís guarda, e que só revela a quem simpatize à primeira-vista ou àqueles que obviamente melhor conhece e toma por amigos. E esse dom é o da poesia, sempre engatilhada na ponta da língua, e disparada quando menos se espere. Não sei bem porquê, mas o Mestre José Luís, quando lhe descobri aquela veia de vate, fez-me logo lembrar António Aleixo (1899-1949), o nosso mais famoso poeta popular, não apenas porque ao longo da vida exerceu várias profissões (tecelão, guarda de polícia e servente de pedreiro), embora fosse como cauteleiro que revelasse a sua aptidão cantando-a pelas feiras portuguesas mas, essencialmente, pela grande espontaneidade, sentido crítico e de humor da sua produção poética, como também por fazer, geralmente, recurso à métrica das "quadras" ou "trovas", em composições de quatro versos. Se o algarvio escreveu «A quadra tem pouco espaço/Mas eu fico satisfeito/Quando numa quadra faço/Alguma coisa com jeito», em exclusivo para os leitores do DICA, o Mestre José Luís oferece, e neste caso em sextilha:

Faz cinco anos que nascemos
Nos Canhas e no Serrado da Cruz
Fazendo sumo de cana crescemos
Porque foi alimentada essa Luz
Agradeço aos amigos que temos
E Santa Teresa e a Graça de Jesus.

A CANADRINK nos Canhas veio a nascer
Onde nos aqueceram nos seus regaços
Sentimos que estamos dia a dia a crescer
Mas calculando-se os possíveis passos
A muitos amigos queremos agradecer
E por eles distribuir apertados abraços.

Sabores que há séculos nos seduz
A Festa das Canas com maior beleza
Nos Canhas e no Serrado da Cruz
Debaixo do olhar de Santa Teresa
Recebamos a Graça e sua Luz
As bênçãos para o pão na nossa mesa.

Se ainda não conhece tudo o que a Madeira CanaDrink oferece, desde as suas primorosas bebidas à verve do seu distinto timoneiro, aproveite este fim-de-semana para o fazer, visitando a IX Feira Regional da Cana de Açúcar e seus Derivados, na freguesia dos Canhas.

 

Paulo Santos
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural