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consfinal1Faz parte dos princípios basilares do funcionamento dos Mercados Abastecedores os seus espaços serem exclusivamente dedicados a operações grossistas de produtos agroalimentares, ou seja, estarem totalmente reservados a transações de grandes volumes de produtos.

De um lado, estão os grossistas e os produtores e, do outro lado, os retalhistas, onde se incluem a restauração, a hotelaria e, dentro do vasto grupo da distribuição, desde a pequena mercearia de bairro aos hipermercados.

O horário de entrada destas duas categorias de operadores, geralmente durante a madrugada é, ainda assim, diferenciado. Primeiro entram os que vendem, para colocarem a oferta em exposição, seja em pontos de venda permanentes ou eventuais, e efetuarem as primeiras transações entre si, e só umas horas depois, acedem os que vão comprar. Este princípio é uma característica distintiva desta tipologia de mercado, dado que os compradores têm, a partir do mesmo momento, acesso em igualdade de circunstâncias ao que o mercado disponibiliza em cada dia, resultando os preços dos produtos do "confronto"/"tensão" entre a oferta e a procura, assim favorecendo a melhor equitatividade concorrencial possível.

consfinal2A reserva de admissão unicamente a profissionais devidamente credenciados é política comum aos Mercados Abastecedores das grandes cidades europeias, como é o caso, a título de exemplo, do de "Rungis" (Paris), do "Mercamadrid" (Madrid) e do "Mercabarna" (Barcelona), que servem populações de respetivamente 18, 12 e 10 milhões de pessoas, por isso registando mais de uma dezena de milhar de movimentos diários de viaturas (um indicador da dinâmica das transações).

Em Mercados Abastecedores de menor dimensão, este direito de admissão é mais amplo e estende-se, no que respeita aos compradores, a qualquer pessoa que pretenda obter os produtos agroalimentares transacionados naquelas plataformas comerciais, isto é, ao vulgo cidadão interessado em ali adquirir produtos. Ainda a mero título ilustrativo, no caso dos Mercados Abastecedores de Lisboa, Évora, Braga e Faro, este tipo de cliente pode aceder aos estabelecimentos no mesmo horário dos compradores profissionais, só que tendo de se sujeitar às unidades mínimas de venda também "profissionais", ou seja, o saco, a caixa e a palete.

Já transpondo para uma realidade mais próxima da Madeira, esta permissão ao designado comprador final, como ocorre no "Mercalaspalmas" (Gran Canária) e no "Mercatenerife" (Tenerife), tem um horário diferente do fixado para os compradores empresariais, se bem que sujeita à aquisição dos produtos nas embalagens habituais na comercialização grossista. Este tipo de horário diferenciado, dado que fora do correspondente ao grande "frenesim" das transações grossistas, permite que os vendedores atendam com muito mais atenção e cuidado os clientes de muito mais pequena dimensão sendo estes, naturalmente, mais bem servidos.

As razões para este alargamento do universo de potenciais compradores prendem-se com vários aspetos, sendo de considerar que as operações grossistas são muito rápidas, ocorrendo num intervalo de tempo que raramente ultrapassa 5 a 6 horas, durante a noite e madrugada, e geralmente estão concentradas em 2 dias da semana, o que está relacionado com a cadência média do reabastecimento da grande maioria dos retalhistas que, no caso concreto dos produtos frescos, ocorre geralmente às segundas e quintas feiras de todas as semanas. Aquelas infraestruturas ficam mais ou menos a "meio gás" durante largos períodos de tempo, surgindo assim a necessidade de conferir uma maior utilização das mesmas, melhor rentabilizando os meios existentes e, claro, beneficiando quer quem comercializa, que pode vender mais, quer quem consome, porque passa a ter disponível mais um canal de acesso aos produtos agroalimentares.

No Mercado Abastecedor do Funchal, o qual, desde a sua instalação, em 1993, só cobre a vertente dos hortofrutícolas frescos, a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, faz um pouco mais de um ano, pois tal ocorreu em 28 de outubro de 2012, também abriu a possibilidade a que qualquer madeirense ali possa fazer as suas compras de produtos vegetais frescos.

consfinal3Além de um horário de acesso distinto (de segunda a sexta-feira das 8h00 às 19h00 e aos sábados das 7h00 às 12h00) do estabelecido para os compradores de natureza empresarial, mais adequado às necessidades das famílias, adicionalmente não é imposto aos vendedores que só possam comercializar as produções nas unidades tipicamente grossistas, podendo praticar o retalho, ou seja, proceder a vendas ao quilograma/peça.

Assim, desde há um ano a esta parte, que qualquer pessoa pode adquirir o melhor e mais fresco da agricultura regional, a preços muito favoráveis, no Mercado Abastecedor do Funchal, em São Martinho.

Aparte o acesso a um excelente sortido hortofrutícola, com o melhor da agricultura regional sempre em destaque, os clientes individuais do Mercado, que foi convencionado designarem-se por "consumidores finais", têm a grande comodidade de poderem dispor de um amplo parque de estacionamento gratuito.

Para os que não possuam meio de transporte próprio, a carreira n.º 4 – Amparo (Linha Verde) dos Horários do Funchal tem uma paragem muito próxima do Mercado.

O processo de obtenção do cartão de livre acesso ao estabelecimento é muito simplificado, bastando o pretendente apresentar nos serviços administrativos respetivos o documento de identificação ou o cartão de contribuinte.

Até ao presente já são 353 os utentes "consumidor final" do Mercado Abastecedor do Funchal, o que corresponderá a quase uma inscrição por dia no período entretanto decorrido desde a criação desta categoria de comprador. De janeiro a novembro deste ano, houve o registo de 2.095 entradas destes novos utilizadores, os quais têm-se manifestando geralmente muito satisfeitos com a possibilidade de ali fazer ou complementar as suas compras de produtos vegetais, valorizando a diversidade e qualidade da oferta, como os bons preços obtidos.

Quanto aos vendedores, sobretudo os agricultores, são mais vendas e rendimento que podem realizar, como também podem imprimir melhor rotação às suas produções, principalmente às de maior perecibilidade, dispondo de mais alternativas para colocação daquelas.

Paulo Santos
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural