1 1 1 1 1

semanabio3A crescente preocupação global sobre o problema da fome, da falta de recursos e das assimetrias sociais e territoriais, tem mobilizado as populações mais esclarecidas para o consumo de produtos de agricultura biológica e de outras formas de agricultura sustentável.

Segundo o estudioso Altieri, M. (2003) há atualmente 33 países no mundo que estão em completa crise alimentar e instabilidade social. Estes países não conseguirão continuar a alimentar a sua população, com o atual modelo de agricultura industrial.

Hoje, para muitos economistas, a retoma económica global só será possível se os países em desenvolvimento recuperarem algum poder de compra e se o desenvolvimento económico tiver por base a utilização eficiente dos recursos locais.

Numa europa, totalmente dependente de recursos externos, energia e minerais, necessários para a produção de alimentos, facilmente se depreende que a eficiência energética do modelo de produção e a utilização eficiente dos escassos recursos apresentam-se como fatores fundamentais para um desenvolvimento económico efetivo que, nas regiões periféricas, assumem uma importância reforçada.semanabio4

Numa época em que o desemprego atinge proporções alarmantes e constituem uma fatura pesada na segurança social de toda a União europeia, a agricultura biológica, tem potencial para inverter essa tendência criando mais emprego. Conforme relatório das Nações Unidas, a complementaridade na exploração de outras atividades como a transformação e comercialização direta, duas práticas promovidas em sistemas de agricultura biológica, aumenta ainda mais as oportunidades de criação de emprego.

A utilização do conhecimento associado ao solo e à vida que nele existe e a correta utilização da biomassa, produzida naturalmente e processada nas diferentes unidades industriais, na região podem reduzir drasticamente a dependência de fatores de produção.

Práticas como o empalhamento, cobertos vegetais permanentes, a incorporação de composto, utilização de práticas de não mobilização ou mobilização mínima do solo são fundamentais para a diminuição do consumo de energia, redução drástica do consumo de água e fatores fundamentais de mitigação das alterações climáticas.

A utilização eficiente dos recursos locais, associada a práticas que usam o trabalho e o conhecimento ao invés de capital e com menor dependência energética podem permitir a curto prazo um relançamento da agricultura nas regiões periféricas, enquanto atividade economicamente viável, capaz de produzir valor efetivo, mas também de gestão de território e de reforço da coesão social.

José Carlos Marques