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A compostagem – Parte II (conclusão)

compostagem conclusaoA humidade

Os valores de humidade devem ser entre 55% e 65% (no início do processo) ou um pouco mais se o material for mais grosseiro e absorvente (palhas, etc.). Teores elevados de humidade podem limitar a utilização de oxigénio pelos microrganismos, originando anaerobiose e produção de maus odores. Por outro lado, baixos teores de humidade levam ao “abrandamento” do processo de decomposição.

O teor de humidade durante o processo tende a decrescer devido à evaporação de água promovida pela temperatura elevada e pelas operações de revolvimento. Por forma a evitar o abrandamento dos processos de decomposição da matéria orgânica deve adicionar-se água sempre que necessário.

Controlo da humidade

Para saber se tem água suficiente deverá apertar um pedaço na mão; se molhar a mão sem escorrer em fio (mas apenas algumas gotas entre os dedos) significa que está bom! Se a mão ficar seca é necessário regar a pilha. Se escorrer (excesso de humidade) é necessário proceder ao reviramento da pilha com o intuito de (re)activar a ação dos microrganismos e desta forma promover a dissipação da água em excesso.

 

O oxigénio

O fornecimento de oxigénio garante as reações de oxidação em compostagem. Inadequados níveis de O2 conduzem ao aparecimento de microorganismos aneróbios, os quais produzem odores desagradáveis e substâncias fitotóxicas. A taxa de difusão do oxigénio depende das características físicas das biomassas, como a porosidade, tamanho das partículas e teor de humidade.

A pilha deve ter 25% a 35% do seu volume em ar. A operação que assegura o arejamento (dá oxigênio e distribui o oxigênio uniformemente na pilha) é o reviramento.

Relação carbono (C)/azoto (N)

Esta relação depende dos materiais usados. De entre os vários elementos necessários para a vida dos microrganismos (atividade e crescimento), o carbono e o azoto são os mais importantes, uma vez que os mesmos utilizam o carbono como fonte de energia e o azoto para a sua multiplicação. Assim, para relações C/N baixas, o carbono disponível é totalmente utilizado sendo que o azoto ficará em excesso e poderá ser perdido como amoníaco causando odores desagradáveis. Para uma relação C/N elevada traduzir-se-á numa compostagem mais lenta, já que os microrganismos levarão mais tempo a consumir o excesso de carbono e a encontrar o azoto necessário para multiplicação dos mesmos. Em resumo, a falta de azoto verificada nestas situações (relação de C/N elevada) limitará o crescimento dos microrganismos resultando numa compostagem mais lenta.

Neste contexto, a relação C/N é um parâmetro importante na preparação das misturas a compostar, sendo que os materiais ricos em carbono, ou seja, em materiais com muita lenhina (materiais secos → palhas, cortes de ramos, etc.) será de esperar uma relação de C/N elevada e nos materiais ricos em azoto (materiais húmidos → estrumes, de animais, folhas verdes, ervas, etc.) uma relação de C/N baixa).

A relação ideal no início da compostagem é de 40 a 60/1 (C/N) que, na prática, corresponde entre três a cinco partes de materiais ricos em carbono para uma parte de materiais ricos em azoto.

(A parte I deste artigo pode ser lida aqui.)

 

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