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A limpeza de mato e as queimas controladas (parte II)

Geralmente, as zonas onde se praticam as queimas controladas são sensíveis, não sendo possível nem recomendada a utilização de maquinaria. Nestas áreas, o estabelecimento da pastagem deve ser feito recorrendo a sistemas de não mobilização do solo. A propósito, recorde-se que as queimas obedecem a regras e carecem de autorização prévia, devendo o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza ser contactado para o efeito.

terreno cinzas com sementes Nos primeiros momentos posteriores à queima do mato produz-se um incremento na fertilidade do solo (em solos ácidos) e a formação de uma pequena capa de restos e cinzas sobre o terreno, em cima da qual se podem distribuir as sementes, o que facilita a sua germinação e o estabelecimento da pastagem. É importante evitar as queimas excessivas (em tempo mais quente e muito seco), que chegam a afetar os horizontes superficiais do solo, ficando este muito duro à superfície e perdendo grande parte da capacidade de infiltração, facilitando assim que a cinza seja facilmente lavada, o que poderá levar a problemas de erosão.

O trabalho de queima deve ser efetuado sobre material seco, pelo que há que evitar os pastoreios de Primavera e, deste modo, a erva não pastoreada ajudará a obter uma boa queima. Não obstante, as operações têm de ser realizadas sob medidas de controlo estritas: corta fogos, não queimar em dias de vento, vigilância na queima e depois de efetuada, etc. (em Espanha existe uma normativa a este respeito, a Resolução de 14 agosto de 2002, do conselho do Meio Rural e Pesca).

 

A sementeira deve fazer-se, dentro do possível, imediatamente após a queima, com o objetivo de semear sobre a cinza ainda branda, na qual se podem introduzir as sementes para conseguir um rápido estabelecimento da pastagem, antes que o mato se renove.

Com uma medida simples, como espalhar sementes sobre as cinzas, conseguimos proporcionar aos animais uma dieta muito mais rica em elementos nutritivos, uma maior presença dos animais sobre o terreno e, por último, uma menor renovação do mato, com o que se consegue atrasar ou anular a necessidade de novas atuações, passando o pasto a ser dominante na cobertura vegetal.

Nestas condições, as calagens e a fertilização devem realizar-se depois da sementeira, depois das cinzas estarem totalmente frias, deixando-se um espaço de uma a duas semanas entre as duas aplicações.

A eleição da espécie animal que aproveita a pastagem e a pressão de pastoreio nos momentos posteriores ao estabelecimento da pastagem são decisivos para o êxito da implantação, independentemente do método de sementeira usado. Portanto, este aspeto deve ser cuidado, evitando-se o sobre pastoreio, para que as espécies semeadas enraízem adequadamente e sejam pastadas efetivamente e não arrancadas pelos animais, sendo que os pequenos ruminantes, ovinos e caprinos, são mais indicados que os bovinos. Para mais informações sobre estas matérias, deverão ser contactados os serviços da Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária da Direção Regional de Agricultura.

Ricardo Costa
Direção Regional de Agricultura