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A Brucelose Bovina

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Prova de seroaglutinação rápida de Rosa Bengala  

A Brucelose bovina é uma doença contagiosa dos animais, que se transmite naturalmente entre os animais, mas também dos animais ao homem, assumindo por isso a designação de zoonose.

A doença é causada por uma bactéria, Brucella spp, uma bactéria Gram-negativa que pertence à família Brucellaceae.

As células têm a forma de bastonetes curtos e ovais (bacilos/cocobacilos) imóveis, aparecendo normalmente isoladas ou, com menor frequência, aos pares ou em cadeias curtas.

São conhecidas seis espécies pertencentes ao género Brucella. No entanto, são quatro as espécies patogénicas para o Homem. Cada uma destas é associada com um animal hospedeiro; B. abortus ao gado bovino, B. melitensis ao gado ovino e caprino, B. suis aos suínos e B. canis aos caninos. A maioria dos casos de brucelose está associada com B. melitensis.

A brucelose é transmitida pelo contacto com animais doentes (pele, sangue, urina, fetos abortados, placenta) e pela ingestão de leite cru e seus derivados provenientes de animais contaminados. Raramente a doença se transmite de pessoa para pessoa.

A brucelose tem sido associada ao consumo de carne de animais infetados, e que é malcozinhada. O leite cru e a manteiga e o queijo produzidos a partir de leite cru são os principais veículos da infeção, quando transmitida pelo consumo de alimentos.

A prevenção da contaminação implica não consumir os alimentos de risco, esta via de transmissão é, no entanto, evitada através do consumo de leite devidamente pasteurizado, de queijo curado ou queijo fresco feito de leite pasteurizado.

Deve-se evitar o contacto com animais infetados, a prevalência maior incide em trabalhadores de matadouro, médicos veterinários e tratadores de animais que estão mais expostos ao contacto com estas bactérias.

 

Curiosamente, as espécies de Brucella são as bactérias que mais frequentemente causam infeções adquiridas em laboratórios.

O aparecimento dos sintomas surge entre cinco dias e vários meses (geralmente duas semanas) após a infeção. Na fase inicial da doença, os sintomas são inespecíficos e muito variáveis, incluindo o aparecimento súbito de arrepios e febre, fortes dores de cabeça, dores generalizadas, sensação de mal-estar e, em certos casos, diarreia.

Controlo oficial e diagnóstico da doença

O controlo e a erradicação da brucelose têm sido colocados na lista de prioridades dos programas cofinanciados pela Comissão Europeia.

As medidas aplicáveis encontram-se formalizadas nos Programas de Erradicação. Estes são elaborados anualmente e apresentados à apreciação e aprovação da Comissão Europeia para cofinanciamento.

A RAM iniciou o seu programa de controlo e erradicação em 2018, fazendo parte dos Programas Anuais de Erradicação enviados para a Comissão Europeia.

O diagnóstico da brucelose em bovinos e pequenos ruminantes é baseado nos testes serológicos de Rosa Bengala (RB), como prova de rastreio e a prova serológica de Fixação do Complemento (FC), como prova de confirmação.

Os bovinos seropositivos no teste de Fixação de Complemento são alvo de abate sanitário e com colheita de material, para a confirmação laboratorial, para provas bacteriológicas e com tipificação do agente.

Nos casos em que a DGAV entenda, e se fatores de ordem sanitária o justifiquem, serão implementados programas especiais de vacinação. Atualmente, é aplicada a vacina RB51.

É obrigatória a notificação, por parte do detentor dos animais, de todos os abortos ocorridos em fêmeas da espécie bovina.

Os detentores dos animais sujeitos a abate sanitário são indemnizados após a verificação do cumprimento das medidas impostas no sequestro sanitário.

Sílvia Santos
Engenheira Zootécnica
DSAV - Divisão de Proteção Veterinária e Pecuária
Direção Regional de Agricultura