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A inseminação artificial em bovinos

O primeiro relato científico do uso da técnica de inseminação artificial ocorreu em 1779, pelo italiano Lazaro Spallanzani, quando este conseguiu um resultado positivo de três crias após inseminar uma cadela. Durantes os anos seguintes, outros investigadores foram relatando sucessos da técnica em várias espécies até que, em 1914, Giuseppe Amantea desenvolveu a primeira vagina artificial para a colheita de sémen canino. (COSTA, 1990; FOOTE, 2002; BARBOSA et al, 2008; MARTINS et al, 2009; ASBIA, 2010).

Entre os anos de 1922 e 1928, na Rússia, foram divulgados dois acontecimentos: o sucesso da técnica em bovinos e ovinos e os estudos sobre a conservação de sémen refrigerado. Outro feito importante para o desenvolvimento da técnica foi o aparecimento da primeira vagina artificial para bovinos entre os anos de 1934 e 1938. (COSTA, 1990; FOOTE, 2002; BARBOSA et al, 2008; MARTINS et al, 2009; ASBIA, 2010).

Em 1940, ocorreu um ponto de viragem na técnica de inseminação artificial vindo da Dinamarca. Nessa altura, ocorreram dois fenómenos: o desenvolvimento do método de inseminação retovaginal, possibilitando depositar o sémen na cérvix ou útero, e a introdução do sémen na fêmea utilizando canudos (hastes de aveia), que, mais tarde, foram trocados por canudos de celofane. No ano de 1964, os canudos passaram a ser produzidos em França e difundiram-se mundialmente, tornando-se nas atuais palhetas de sémen. (COSTA, 1990; FOOTE, 2002; BARBOSA et al, 2008; MARTINS et al, 2009; ASBIA, 2010).
Assim, por definição, a técnica de inseminação artificial consiste na deposição mecânica do sémen fresco, refrigerado ou congelado no aparelho genital feminino, utilizando instrumentos desenvolvidos para esse efeito.

A técnica de inseminação artificial

Desde a sua origem até aos dias de hoje, a técnica de inseminação artificial tem sofrido alterações, de forma a se tornar o mais eficiente possível, pois inúmeros fatores interferem para o seu sucesso. Desta forma, podemos diferenciar duas formas de a efetuar: convencional e em tempo fixo.

Inseminação artificial convencional

A inseminação artificial convencional, ainda muito utilizada em todo o mundo, pressupõe os seguintes passos:

• Visualização dos sinais de cio duas vezes ao dia, por um funcionário da exploração;
• Comunicação ao inseminador das fêmeas em cio;
• Beneficiação dessas fêmeas pelo inseminador. Este passo pressupõe a descongelação das palhetas de sémen, a preparação do aplicador de sémen e a colocação do sémen no útero da fêmea.

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Preparação da mesa de trabalho para inseminação artificial

Existem muitos relatos de baixa taxa de conceção utilizando a inseminação artificial convencional, devido aos problemas de falha de deteção de cio, isto é, não são detetados e/ou são beneficiadas fêmeas que não se encontram no momento exato para receber o sémen, perdendo-se assim uma janela de oportunidade de gestação.

Inseminação artificial em tempo fixo

A inseminação artificial em tempo fixo foi desenvolvida de forma a colmatar algumas falhas como a deteção de cio, anestro pós-parto e puberdade tardia.

Assim, pressupõe os seguintes passos:

• Protocolos hormonais exógenos. Os objetivos destes protocolos são sincronizar a onda folicular, manter a fase luteal e o crescimento folicular e promover a ovulação;
• Beneficiação das fêmeas pelo inseminador em dia e hora programados. Este passo pressupõe a descongelação das palhetas de sémen, a preparação do aplicador de sémen e a colocação do sémen no útero da fêmea.

 

A grande diferença entre a inseminação artificial convencional e em tempo fixo é que, na segunda, recorre-se a protocolos hormonais com a utilização de medicamentos (hormonas) desenvolvidos para este fim. Ao controlar exogenamente o ciclo estral das fêmeas, controla-se o momento da ovulação, estabelecendo melhor o dia e a hora para a inseminação artificial.

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Manipulação de sémen congelado 
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Inseminação artificial numa fêmea bovina 

Vantagens da inseminação artificial

A inseminação artificial é umas das técnicas mais utilizadas na reprodução bovina e que contribui para o melhoramento genético, visto ser simples e de custo aceitável, levando a um melhoramento de produção nas explorações.

Assim, entre as vantagens, de citar as seguintes:

• Controlo de doenças sexualmente transmissíveis;
• Aumento do ganho genético;
• Lotes de bezerros homogéneos;
• Utilização de touros de alto valor genético que estejam em várias partes do mundo;
• Aumento da descendência de um touro;
• Melhoramento genético de rebanhos e;
• Utilização de material genético mesmo após a morte do progenitor.

Desvantagens da inseminação artificial

Como qualquer técnica, esta tem as suas limitações, entre as quais:

• Mão-de-obra especializada;
• Infraestruturas adequadas para o maneio do rebanho;
• Custo inerente à técnica e;
• Má realização da técnica.

Na conjuntura atual, a inseminação artificial tem um impacto económico positivo numa exploração de bovinos, uma vez que é possível efetuar o melhoramento genético de uma vacada a custos razoável e reduzir drasticamente a incidência de doenças venéreas.

Para obtenção de resultados benéficos com esta técnica, é necessário mão-de-obra especializada e a correta aplicação da técnica. Desta forma, a inseminação artificial torna-se uma ferramenta importante para a maximização dos índices produtivos de uma exploração.

Bibliografia

Associação Brasileira de Inseminação Artificial – ASBIA. Relatório estatística de produção, importação e comercialização de sémen, 2010.

BARBOSA, R. T.; MACHADO, R. Panorama da inseminação artificial em bovinos. Documentos 84. Embrapa Pecuária Sudeste. São Carlos. 2008.

COSTA, S. A. Manual pratico de inseminação artificial. Goiânia. Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás. 1990. 20p.

FOOTE, R. H. the history of artificial insemination: Selected notes and notable. Journal of Animal Science, Champaign, v.80, p. 1-10, 20002.

MARTINS, C. F.; SIQUEIRA, L. G. B.; OLIVEIRA, C. T. S. A. M.; SCHWARZ, D. G. G.; OLIVEIRA, F. A. S. A. M. Inseminação artificial: uma tecnologia para o grande e pequeno produtor. Planaltina, DF. 2009, 33p. Embrapa Cerrados, Documentos 261.


Sara Nóbrega
Médica Veterinária
Divisão de Melhoramento Pecuário
Direção de Serviços de Desenvolvimento Pecuário
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural

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